É mais ou menos consensual que o rock n' roll não passa de um ciclo no qual se regurgitam (ou reciclam) tendências. É do senso comum que a globalização trouxe uma maior agressividade comercial das editoras deste género musical, vomitando discos a uma velocidade estonteante, resultando num decréscimo impressionante da qualidade dos discos e no desaparecimento de tudo o que realmente represente criação inédita, já que a novidade implica quase sempre um elevado risco económico. Assim, vamos andando de re-moda em re-moda. Agora estamos no ressurgir do pós-punk e eu bocejo com bandas que são pastiches dos The Jam, Gang of Four (que andam por aí outra vez), Clash, Stranglers, etc...
Tirando os Arcade Fire. Como diria o Adolfo, esses são uma lufada de brisa imaculada nesta latrina mal arejada. Agradeço a Deus pelo Funeral, único disco que ficará para a posteridade do Pop Rock, desde o Nevermind até agora. Para mim, escrever sobre música é tarefa difícil. Assim, não me vou por aqui a dissertar sobre essa obra-prima dos Arcade Fire, já que muita tinta tem corrido sobre eles. Deixo apenas uma curiosa nota : antes de sair o Funeral, saiu numa revista d' O Público uma crítica impressionante ao disco. Nota conferida 7/10. Aqui está a prova de se presenciar o momento histórico de uma inovação artística. O texto esquadrinhava o albúm com a paixão de alguém que se encontra estarrecido, música a música. No entanto, algo nele afrontava os galões do crítico, decerto habituado a ter as coisas bastante simplificadas nestes temas. Desta vez era diferente; não conseguia aplicar as chavões habituais, havia uma insubmissão estilística que escapava ao crivo da crítica. Desta vez, os putos, pedantes, criavam de forma independente, virando para meio mundo o cu ao léu.
Meses depois a crítica oscilava entre 9/10 e 10/10.