Ó senhor remexedor de malas...deixe lá quieta a cueca, que não é de talibã!
Dentro da mala só vai encontrar objectos aborrecidos, esperando embarcar nessa maldito navio alado. A roupa é velha, mas cuidada com a atenção de quem não liga a essas coisas. O despertador que a minha mãe me ofereceu, não vá eu ficar roncando (seu poltrão!) nas manhãs que se querem de dura labuta. Também há livros, sim senhor, para os dias em que me canso de ler o mundo asquerosamente real e me sinto bruto de vidinha. E também me lembram Lisboa. Os cadernos, onde escrevo o que a pena me dita, são cofres de listas de compras esotéricas e pensamentos obscenos (não vale a pena... estou a avisá-lo!...).
Está a ver? Uma mala perfeitamente normal, depois de uma despedida rotineira. O vazio já cá canta (ó prós males espantados).
Na minha bagagem está o amor amputado, que me dedicarei a compôr.
(E pronto, já não me deixam subir para o avião...)