segunda-feira, 21 de abril de 2008

Abril visto desde uma janela em Puente Castro

No céu,
Uma clareira, um espaço:
Azul cortando cinzento baço.

Na terra,
Um murmúrio sem rasto.
A chuva vertical, gula do pasto.

Empurrado pelo silêncio
Canso os olhos de ler
Na planície áspera, vermelha,
Homogénea dos dias de Abril,
A vida lassa, a sopa quente,
A janela goteada e o pé dormente.

O tédio difunde obeso
Através do gel poroso das horas.
Sou oráculo de nunca mais saber
O que guarda o tempo, se me trarás amoras.

3 comentários:

  1. "É bom escrever porque reúne as duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão."
    ( Cesare Pavese )

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  2. Obrigado pela transcrição do Pavese. É uma verdade certa e bonita.

    Também é bom escrever por isto: por me leres com tanta franqueza.

    Um beijo.

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